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terça-feira, 27 de março de 2012

Perdão, a Base de Tudo!



O verdadeiro perdão é impossível sem Deus. Uma vez que, na essência, o perdão é uma dádiva que oferecemos a quem não o merece, ninguém possui a graça, a força ou a coragem necessária para oferecer tal dádiva a menos que seja capacitado por Deus.
É-nos exigido algo que somente Deus pode fazer por nós. Se ele não agir, ja­mais seremos capazes de fazê-lo por nós mesmos. E, no entanto, a ordem é que perdoemos como Cristo nos per­doou (Ef 4:32).

32  Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou”.

Perdoar é divino. Significa que você nunca será capaz de oferecer perdão a menos que Deus o conceda antes a você.

          O perdão não diz respeito a você.
          Também não diz respeito a quem o feriu tão profundamente.
          O perdão se refere a Deus.
          Perdoamos porque Deus nos perdoou.
          Perdoamos porque Deus ordenou que perdoássemos.
          Perdoamos porque Deus nos deu forças para perdoar.
          Perdoamos porque Deus se encarregará de julgar a outra pessoa.
          Perdoamos porque Deus é muito mais importante para nós que viver com raiva.
          Perdoamos porque Deus é muito mais importante que a dor que sentimos.
          Perdoamos porque podemos confiar que Deus fará o que é certo.

“Quando aprendi a perdoar, foi como se alguém tivesse tirado uma tonelada
de cima de meus ombros”
.  REBA MCENTIRE

Muitos cristãos vivem em grande sofrimento porque nunca descobriram o poder libertador do perdão.
Divórcios. Lares despedaçados. Casamentos destruídos. Promessas quebradas. Filhos que não querem saber dos pais. Pais que não querem saber dos filhos. Amigos de longa data que não se falam mais. Pessoas que perderam o emprego porque alguém lhes puxou o tapete. Pessoas que perderam os bens porque alguém as lesou. Famílias cujos membros se odeiam tanto que não conversam nem na época do Natal.

Todos esses dissabores têm várias respostas, mas no fundo apenas uma. Todos têm muitas soluções, e uma que você deve implementar: Livre-se deles e você será liberto. Porém, no mesmo instante em que ouvimos ou lemos essas palavras, a mente inicia as argumentações:

          Mas você não sabe o que ele me fez.
          Eles mentiram repetidamente a meu respeito.
          Ela queria destruir minha carreira — e conseguiu.
          Você não pode imaginar o inferno que vivi.
          Se você soubesse como isso afetou minha família, também ficaria com raiva.
          Eles merecem o mesmo sofrimento que me impuseram.
          Vou fazê-los pagar por isso.
          Nunca vou perdoar essas pessoas. Nunca!

C. S. Lewis comentou acertadamente: “Todos consideram o perdão uma idéia muito bonita até precisarem perdoar alguém”.

Para entender a mensagem do perdão, devemos responder algumas perguntas preliminares.

PERGUNTAS ACERCA DO PERDÃO

Por que precisamos perdoar?

Se você conhece um pouco da história da igreja, com cer­teza sabe que Martinho Lutero, antes de se tornar o pai da Reforma protestante, era clérigo católico. Como parte do preparo acadêmico, passou vários anos estudando grego hebraico, latim, os escritos dos pais da igreja e as doutrinas da Igreja Católica Romana. Para todos os efeitos, ele era um homem brilhante, devoto e muito dedicado aos estudos. No entanto, sua alma se encontrava profundamente perturbada. Pesava sobre ele uma sensação constante de que seus pecados não haviam sido perdoados e sentia o julgamento de Deus esmagando-o como um fardo enorme que ele não conseguia levantar.
Não importava o que fizesse, nunca se sentia convicto do perdão de seus pecados. Aflito, Lutero foi a Roma na esperança de encontrar respostas, mas voltou ainda mais desesperado.
Vários anos depois, enquanto estudava o livro de Romanos, ele se deparou com a seguinte frase: “O justo viverá por fé” (Rm 1:17). Aos poucos, seus olhos foram abertos e ele viu com clareza que Deus não nos perdoa pelo que fazemos, mas única e exclusivamente com base naquilo que Jesus fez por nós quando morreu na cruz e ressuscitou dentre os mortos. Lutero chamou essa verdade de “porta para o céu”.

O escritor Franz Kafka comentou em seu diário que o problema das pessoas modernas é que se sentem pecado­ras, mas sem culpa. Percebemos que alguma coisa nos falta, alguma coisa está errada.
Vivemos numa sociedade que pre­ga a libertação da culpa pala libertação das regras que nos fazem sentir culpados. Assim, fazemos tudo o que pode­mos para ignorar coisas incômodas como os Dez Man­damentos. Todos aqueles “não farás isto ou aquilo” nos deixam nervosos. E por que não? Sentimo-nos culpados quando transgredimos as regras.
Sabemos disso. Assim, a melhor maneira de livrar-nos da culpa é livrar-nos das regras — ou pelo menos assim pensamos. Colocamos as regras de lado, mas elas não desaparecem, pois, em primeiro lugar, não foram escritas originalmente por homens. É como se fossem escritas em tinta inapagável. Ainda que se tente apagá-las, as imagens voltam.
Precisamos do perdão porque somos pecadores que tentam mudar as regras para fugir da culpa. E, uma vez que as regras não podem ser alteradas, nosso ser interior se transforma numa grande confusão.
Em resumo, precisamos do perdão e não podemos viver sem ele. Sem o perdão, somos homens e mulheres vazios, perdidos em meio aos nossos conflitos. A boa notícia é que Deus não fica de olho em nossos pecados. Se ele o fizesse, todos nós já estaríamos no inferno .

Salmo 130:3  Se tu tivesses feito uma lista dos nossos pecados, quem escaparia da condenação?”

Que esperança temos de receber perdão?

Com isso quero dizer: Qual é a probabilidade de sermos perdoados?

A primeira parte do salmo 130:4 nos traz uma boa notícia: “Contigo, porém, está o perdão”. Em outras palavras, Deus costuma perdoar os pecados.
Ele não tem prazer em nos punir, antes está à procura de oportunidades para nos perdoar, pois o perdão faz parte da sua natureza.

Êxodo 34:6,7 diz que Deus é “compassivo, clemente e longânimo, e grande em misericórdia e fidelidade; que guarda a misericórdia em mil gerações, que perdoa a iniqüidade, a transgressão e o pecado”.

Que acontece quando somos perdoados?

A última parte do salmo 130:4 responde a essa pergunta: “para que te temam”. Outra forma de expressar essa mesma idéia é: “para que te adoremos”.

 Uma vez que fomos perdoados, aquela sensação vaga de inquietação desaparece. Começamos do zero. A porta da cela da prisão é aberta, e saímos.

Na Bíblia existem quatro palavras distintas para perdãotrês em hebraico e uma em grego.
ü    O primeiro termo em hebraico significa “cobrir”, como quem cobre a sujeira no chão com um tapete.
ü    O segundo quer dizer “erguer e remover”, semelhantemente ao que ocorre ao remover a mancha de um tapete.
ü     O terceiro significa “limpar o registro”.
ü    O quarto quer dizer “soltar” ou “mandar embora”, como um presidiário quando é solto e deixa a penitenciária. Quando juntamos essas palavras, temos um retrato vívido do perdão.
ü     
“ Deus cobre nossos pecados, remove a mancha de nosso ser interior, limpa o nosso registro pessoal e, então, nos tira da prisão da culpa para vivermos em liberdade”.

A Bíblia usa várias imagens para descrever como Deus trata nossos pecados:

          Ele os dissipa como uma nuvem densa (Is 44:22).
          Ele se esquece e não se lembra mais deles (Jr 31:34).
          Ele os lança para trás de si (Is 38:17).
          Ele os sepulta nas profundezas do mar (Mq 7:19).
          Ele os afasta de nós, quanto o leste dista do oeste (Sl 103:12).

Como Deus é capaz de nos perdoar? Por que ele não olha para os nossos pecados? Eis a resposta: Muito tempo atrás, Deus fixou o olhar na cruz de seu Filho, o Senhor Jesus Cristo. Quando somos honestos o suficiente para reconhecer nossa perversidade e nossa maldade, um rio de misericórdia flui da cruz de Cristo cobrindo com seu sangue os nossos pecados. Descobrimos, num momento esplendoroso, que em Deus há perdão.

Por que devemos perdoar?
Pense nas seguintes palavras proferidas por nosso Senhor:
“Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados”. Lucas 6:37

No sermão do Monte, Jesus se expressou claramente:
“Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tampouco vosso Pai vos per­doará as vossas ofensas”.Mateus 6:14,15

E faz uma declaração semelhante em Colossenses 3:13:
“Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós”.

Por fim, a maior declaração e a mais profunda sobre esse assunto na Bíblia toda, o exemplo mais excelente, puro e elevado de perdão, vem do próprio Jesus. Quando estava padecendo na cruz, condenado à morte por homens perversos que tramaram seu assassinato e usaram falsas testemunhas para declará-lo culpado, ao olhar para a multidão reunida a seu redor, que clamava e aplaudia seu sofrimento, Jesus, o Filho de Deus, aquele que não conheceu pecado algum, o único homem verdadeiramente inocente a viver neste mundo amaldiçoado pelo pecado, proferiu palavras que ainda ecoam através dos séculos:

Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23:34).

Essas palavras cheias de sofrimento acabam com qualquer desculpa esfarrapada que possamos inventar. Revelam a aridez do nosso coração; trazem à luz nossa raiva injusta e mostram nossa verdadeira natureza. Muitos dizem:

Se ao menos as pessoas que me feriram demonstrassem algum remorso, algum arrependimento, então talvez eu pudesse perdoá-las”. Mas isso raramente acontece, e usamos a inércia dos outros como desculpa para dar continuidade à amargura, à raiva e ao desejo de vingança.

Pense em Jesus na cruz. Ninguém ao seu redor parecia muito arrependido. Enquanto ele proferia essas palavras, a multidão ria, escarnecia, aplaudia e o ridicularizava. Aqueles que passavam por lá o insultavam e zombavam dele dizendo: “Se você é o rei de Israel, desça da cruz e salve a si mesmo”.

Devemos deixar algo bem claro: Quando Jesus morreu, os responsáveis por sua morte ficaram extremamente satisfeitos. Pilatos lavou as mãos e se eximiu dos acontecimentos terríveis que se seguiram. Os líderes religiosos judeus tinham por ele ódio feroz e irracional. Para eles foi um prazer vê-lo sofrer e morrer.
 Ninguém disse: “Eu errei. Não podemos fazer isso. Somos insensatos”. E, no entanto, Jesus pediu: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”.
É exatamente isso que devemos dizer se quisermos ter um casamento abençoado. Devemos fazer esse pedido por aqueles que nos magoam deliberada e repetidamente. Devemos dizer isso para aqueles que nos atacam de forma proposital.

O que significa perdoar?

Creio que é necessário esclarecer aqui alguns conceitos equivocados sobre o perdão. De certa forma, é mais fácil dizer o que o perdão não é do que explicar aquilo que ele é. Esses conceitos errados são importantes porque, às vezes, ao afirmarmos que não podemos ou não queremos perdoar, na verdade estamos nos referindo a qualquer coisa que não ao perdão bíblico.

          Não significa aprovar o que uma pessoa fez.
          Não significa fingir que o mal nunca foi feito.
          Não significa inventar desculpas para o mau comportamento de outros.
          Não significa justificar o mal para que o pecado se torne, de algum modo, menos pecaminoso.
          Não significa fazer vistas grossas para o abuso.
          Não significa negar a tentativa de outros de feri-lo repetidamente.
          Não significa permitir que pisem em você.
          Não significa se recusar a dar queixa quando o ato foi criminoso.
          Não significa esquecer o mal que foi feito.
          Não significa fingir que você nunca se magoou.
          Não significa que você deve restaurar o relacionamento ao que era.
          Não significa que você deve voltar a ser amigo daquela pessoa.
          Não significa que deve haver reconciliação total, como se nada tivesse acontecido.
          Não significa que você precisa dizer à pessoa que a perdoou.
          Não significa que todas as conseqüências negativas do pecado são anuladas.

O PERDÃO DIZ RESPEITO AO CORAÇÃO

O perdão diz respeito à disposição interior. Trata-se de uma verdade extremamente importante, pois a maioria de nós acredita que o perdão se refere, antes de tudo, àquilo que fazemos ou dizemos. No entanto, é possível proferir palavras de perdão e, ao mesmo tempo, guardar raiva e amargura no coração. O perdão começa no coração para depois se manifestar exteriormente. Em sentido profundo, todo perdão, mesmo aquele oferecido a alguém que lhe causou grande mágoa, é algo entre você e Deus.
O perdão é fundamentalmente uma decisão interior de recusar-se a viver no passado. É uma escolha consciente de libertar os outros dos pecados cometidos contra você para que você possa ser liberto. Não nega a dor nem muda o passado, mas rompe o ciclo de amargura que o prende às feridas de outrora. O perdão lhe permite deixar o passado para trás e avançar para o futuro.
É possível perdoar mesmo quando os outros nada confessam. Você pode perdoar sem haver restauração no re­lacionamento. Você pode perdoar mesmo quando a outra pessoa não fez coisa alguma para merecer o perdão, pois o perdão é como a salvação — é uma dádiva oferecida gratuitamente e que não pode ser merecida. Pode acontecer de você perdoar e a outra pessoa nem ficar sabendo. Você pode perdoar sem dizer: “Eu o perdôo”, pois o perdão diz respeito ao coração.

·                    O perdão não é opcional na vida cristã. É uma ação neces­sária dentro do conceito de ser cristão. Se desejamos seguir a Jesus verdadeiramente, devemos perdoar. Não temos outra escolha. E devemos perdoar assim como Deus nos perdoou — gratuita, livre e totalmen­te. Recebemos um milagre de Deus e o passamos adiante para outros.

·                    Perdoaremos na mesma proporção que compreendermos quanto fomos perdoados. O melhor incentivo para o per­dão é lembrar do quanto Deus já nos perdoou. Pense em quantos pecados ele cobriu na sua vida. Pense no castigo que você merecia, mas que não recebeu por­que Deus usou de sua graça. Jesus disse: “Aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama” (Lc 7:47). Sua disposição de perdoar é diretamente proporcional à sua consciência do quanto você foi perdoado.

Para experimentar o poder terapêutico do perdão, precisamos de duas coisas: coração sensível e coragem. O perdão não é para os tímidos, mas, sim, para os valentes. Somente os fortes têm a coragem de deixar o passado para trás.

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