
É-nos
exigido algo que somente Deus pode fazer por nós. Se ele não agir, jamais
seremos capazes de fazê-lo por nós mesmos. E, no entanto, a ordem é que
perdoemos como Cristo nos perdoou (Ef 4:32).
32 “Antes,
sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos
outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou”.
Perdoar
é divino. Significa que você nunca será capaz de oferecer perdão a menos que
Deus o conceda antes a você.
• O perdão não diz respeito a você.
• Também não diz respeito a quem o feriu
tão profundamente.
• O perdão se refere a Deus.
• Perdoamos porque Deus nos perdoou.
• Perdoamos porque Deus ordenou que
perdoássemos.
• Perdoamos porque Deus nos deu forças
para perdoar.
• Perdoamos porque Deus se encarregará
de julgar a outra pessoa.
• Perdoamos porque Deus é muito mais
importante para nós que viver com raiva.
• Perdoamos porque Deus é muito mais
importante que a dor que sentimos.
• Perdoamos porque podemos confiar que
Deus fará o que é certo.
“Quando aprendi a perdoar, foi como se
alguém tivesse tirado uma tonelada
de cima de meus ombros”. REBA MCENTIRE
de cima de meus ombros”. REBA MCENTIRE
Muitos
cristãos vivem em grande sofrimento porque nunca descobriram o poder libertador
do perdão.
Divórcios.
Lares despedaçados. Casamentos destruídos. Promessas quebradas. Filhos que não
querem saber dos pais. Pais que não querem saber dos filhos. Amigos de longa
data que não se falam mais. Pessoas que perderam o emprego porque alguém lhes
puxou o tapete. Pessoas que perderam os bens porque alguém as lesou. Famílias
cujos membros se odeiam tanto que não conversam nem na época do Natal.
Todos esses dissabores têm várias respostas, mas no
fundo apenas uma. Todos têm muitas soluções, e uma que você deve implementar: Livre-se
deles e você será liberto. Porém, no mesmo instante em que ouvimos ou lemos essas palavras, a mente
inicia as argumentações:
• Mas
você não sabe o que ele me fez.
• Eles
mentiram repetidamente a meu respeito.
• Ela
queria destruir minha carreira — e conseguiu.
• Você
não pode imaginar o inferno que vivi.
• Se
você soubesse como isso afetou minha família, também ficaria com raiva.
• Eles
merecem o mesmo sofrimento que me impuseram.
• Vou
fazê-los pagar por isso.
• Nunca
vou perdoar essas pessoas. Nunca!
C. S. Lewis comentou acertadamente: “Todos consideram o perdão uma idéia muito
bonita até precisarem perdoar alguém”.
Para entender a mensagem do perdão, devemos
responder algumas perguntas preliminares.
PERGUNTAS ACERCA DO PERDÃO
Por
que precisamos perdoar?
Se você conhece um pouco da história da igreja, com certeza sabe que Martinho Lutero, antes de se tornar o
pai da Reforma protestante, era clérigo católico. Como parte do preparo
acadêmico, passou vários anos estudando grego hebraico, latim, os escritos dos pais da igreja e as doutrinas da
Igreja Católica Romana. Para todos os efeitos, ele era um homem brilhante,
devoto e muito dedicado aos estudos. No entanto, sua alma se encontrava
profundamente perturbada. Pesava sobre ele uma sensação constante de que
seus pecados não haviam sido perdoados e sentia o julgamento de Deus
esmagando-o como um fardo enorme que ele não conseguia levantar.
Não
importava o que fizesse, nunca se sentia convicto do perdão de seus pecados.
Aflito, Lutero foi a Roma na esperança de encontrar respostas, mas voltou ainda
mais desesperado.
Vários
anos depois, enquanto estudava o livro de Romanos, ele se deparou com a
seguinte frase: “O justo viverá por fé”
(Rm 1:17).
Aos poucos, seus olhos foram abertos e ele viu com clareza que Deus não nos
perdoa pelo que fazemos, mas única e exclusivamente com base naquilo que Jesus fez por nós quando morreu
na cruz e ressuscitou dentre os mortos. Lutero chamou essa verdade de
“porta para o céu”.
O
escritor Franz Kafka comentou em seu diário que o problema das pessoas
modernas é que se sentem pecadoras, mas sem culpa. Percebemos que alguma
coisa nos falta, alguma coisa está errada.
Vivemos
numa sociedade que prega a libertação da culpa pala libertação das regras que nos fazem sentir culpados. Assim,
fazemos tudo o que podemos para ignorar coisas incômodas como os Dez Mandamentos.
Todos aqueles “não farás isto ou aquilo”
nos deixam nervosos. E por que não? Sentimo-nos culpados quando transgredimos
as regras.
Sabemos
disso. Assim, a melhor maneira de livrar-nos da culpa é livrar-nos das regras — ou pelo menos assim pensamos. Colocamos as
regras de lado, mas elas não desaparecem, pois, em primeiro lugar, não foram
escritas originalmente por homens. É como se fossem escritas em tinta inapagável.
Ainda que se tente apagá-las, as imagens voltam.
Precisamos do perdão porque somos
pecadores que tentam mudar as regras para fugir da culpa. E, uma vez que as regras não podem ser alteradas,
nosso ser interior se transforma numa grande confusão.
Em
resumo, precisamos do perdão e não podemos viver sem ele. Sem o perdão, somos
homens e mulheres vazios, perdidos em meio aos nossos conflitos. A boa notícia
é que Deus não fica de olho em nossos pecados. Se ele o fizesse, todos nós já estaríamos
no inferno .
Salmo 130:3 “Se tu tivesses feito uma lista dos nossos
pecados, quem escaparia da condenação?”
Que esperança temos de receber perdão?
Com
isso quero dizer: Qual é a probabilidade de sermos perdoados?
A
primeira parte do salmo 130:4 nos
traz uma boa notícia: “Contigo, porém,
está o perdão”. Em outras palavras, Deus costuma perdoar os pecados.
Ele
não tem prazer em nos punir,
antes está à procura de oportunidades para nos perdoar, pois o perdão faz parte
da sua natureza.
Êxodo 34:6,7 diz que Deus é “compassivo,
clemente e longânimo, e grande em misericórdia e fidelidade; que guarda a
misericórdia em mil gerações, que perdoa a iniqüidade, a transgressão e o
pecado”.
Que acontece quando somos
perdoados?
A
última parte do salmo 130:4 responde
a essa pergunta: “para que te temam”.
Outra forma de expressar essa mesma idéia é: “para que te adoremos”.
Uma vez que fomos perdoados, aquela sensação
vaga de inquietação desaparece. Começamos do zero. A porta da cela da prisão é
aberta, e saímos.
Na
Bíblia existem quatro palavras distintas
para perdão — três em hebraico e
uma em grego.
ü O primeiro termo em hebraico significa “cobrir”, como quem cobre a sujeira no
chão com um tapete.
ü O segundo quer dizer “erguer e remover”, semelhantemente ao que ocorre ao remover a
mancha de um tapete.
ü O terceiro
significa “limpar o registro”.
ü O quarto quer dizer “soltar” ou “mandar embora”,
como um presidiário quando é solto e deixa a penitenciária. Quando juntamos
essas palavras, temos um retrato vívido do perdão.
ü
“ Deus cobre nossos pecados, remove a
mancha de nosso ser interior, limpa o nosso registro pessoal e, então, nos tira
da prisão da culpa para vivermos em liberdade”.
A
Bíblia usa várias imagens para descrever como Deus trata nossos pecados:
• Ele os dissipa como uma nuvem densa (Is 44:22).
• Ele se esquece e não se lembra mais
deles (Jr 31:34).
• Ele os lança para trás de si (Is 38:17).
• Ele os sepulta nas profundezas do mar
(Mq 7:19).
• Ele os afasta de nós, quanto o leste
dista do oeste (Sl
103:12).
Como
Deus é capaz de nos perdoar? Por que ele não olha para os nossos pecados? Eis a
resposta: Muito tempo atrás, Deus fixou o olhar na cruz de seu Filho, o Senhor
Jesus Cristo. Quando somos honestos o suficiente para reconhecer nossa
perversidade e nossa maldade, um rio de misericórdia flui da cruz de Cristo
cobrindo com seu sangue os nossos pecados. Descobrimos, num momento
esplendoroso, que em Deus há perdão.
Por que devemos perdoar?
Pense
nas seguintes palavras proferidas por nosso Senhor:
“Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não
sereis condenados; perdoai e sereis perdoados”. Lucas 6:37
No
sermão do Monte, Jesus se expressou claramente:
“Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas,
também vosso Pai celeste
vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tampouco
vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas”.Mateus 6:14,15
E
faz uma declaração semelhante em Colossenses 3:13:
“Suportai-vos uns aos outros,
perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim
como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós”.
Por
fim, a maior declaração e a mais profunda sobre esse assunto na Bíblia toda, o
exemplo mais excelente, puro e elevado de perdão, vem do próprio Jesus. Quando estava padecendo na cruz, condenado à morte
por homens perversos que tramaram seu assassinato e usaram falsas testemunhas
para declará-lo culpado, ao olhar para a multidão reunida a seu redor, que clamava e aplaudia seu sofrimento,
Jesus, o Filho de Deus, aquele que não conheceu pecado algum, o único homem
verdadeiramente inocente a viver neste mundo amaldiçoado pelo pecado, proferiu palavras que ainda ecoam através
dos séculos:
“Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que
fazem” (Lc
23:34).
Essas
palavras cheias de sofrimento acabam com qualquer desculpa esfarrapada que
possamos inventar. Revelam a aridez do nosso coração; trazem à luz nossa raiva
injusta e mostram nossa verdadeira natureza. Muitos dizem:
“Se ao menos as pessoas que me feriram
demonstrassem algum remorso, algum arrependimento, então talvez eu pudesse
perdoá-las”. Mas isso raramente acontece, e usamos a inércia dos outros
como desculpa para dar continuidade à amargura, à raiva e ao desejo de
vingança.
Pense
em Jesus na cruz. Ninguém ao seu redor parecia muito arrependido. Enquanto ele
proferia essas palavras, a multidão ria, escarnecia, aplaudia e o
ridicularizava. Aqueles que passavam por lá o insultavam e zombavam dele
dizendo: “Se você é o rei de Israel,
desça da cruz e salve a si mesmo”.
Devemos
deixar algo bem claro: Quando Jesus morreu, os responsáveis por sua morte
ficaram extremamente satisfeitos.
Pilatos lavou as mãos e se eximiu dos acontecimentos terríveis que se seguiram.
Os líderes religiosos judeus tinham por ele ódio feroz e irracional. Para eles
foi um prazer vê-lo sofrer e morrer.
Ninguém disse: “Eu errei. Não podemos fazer isso. Somos insensatos”. E, no entanto,
Jesus pediu: “Pai, perdoa-lhes, porque
não sabem o que fazem”.
É
exatamente isso que devemos dizer se quisermos ter um casamento abençoado.
Devemos fazer esse pedido por aqueles que nos magoam deliberada e
repetidamente. Devemos dizer isso para aqueles que nos atacam de forma
proposital.
O que significa perdoar?
Creio
que é necessário esclarecer aqui alguns conceitos equivocados sobre o perdão.
De certa forma, é mais fácil dizer o que
o perdão não é do que explicar aquilo que ele é. Esses conceitos errados
são importantes porque, às vezes, ao afirmarmos que não podemos ou não queremos
perdoar, na verdade estamos nos referindo a qualquer coisa que não ao perdão
bíblico.
• Não significa aprovar o que uma pessoa
fez.
• Não significa fingir que o mal nunca
foi feito.
• Não significa inventar desculpas para
o mau comportamento de outros.
• Não significa justificar o mal para que
o pecado se torne, de algum modo, menos pecaminoso.
• Não significa fazer vistas grossas
para o abuso.
• Não significa negar a tentativa de
outros de feri-lo repetidamente.
• Não significa permitir que pisem em
você.
• Não significa se recusar a dar queixa
quando o ato foi criminoso.
• Não significa esquecer o mal que foi
feito.
• Não significa fingir que você nunca se
magoou.
• Não
significa que você deve restaurar o relacionamento ao que era.
• Não
significa que você deve voltar a ser amigo daquela pessoa.
• Não significa que deve haver
reconciliação total, como se nada tivesse acontecido.
• Não significa que você precisa dizer à
pessoa que a perdoou.
• Não significa que todas as
conseqüências negativas do pecado são anuladas.
O PERDÃO DIZ RESPEITO AO
CORAÇÃO
O
perdão diz respeito à disposição interior. Trata-se de uma verdade extremamente
importante, pois a maioria de nós acredita que o perdão se refere, antes de
tudo, àquilo que fazemos ou dizemos. No entanto, é possível proferir
palavras de perdão e, ao mesmo tempo, guardar raiva e amargura no coração. O perdão começa no coração para depois se
manifestar exteriormente. Em sentido profundo, todo perdão, mesmo aquele
oferecido a alguém que lhe causou grande mágoa, é algo entre você e Deus.
O
perdão é fundamentalmente uma decisão interior de recusar-se a viver no
passado. É uma escolha consciente de libertar os outros dos pecados cometidos
contra você para que você possa ser liberto. Não nega a dor nem muda o passado,
mas rompe o ciclo de amargura que o prende às feridas de outrora. O perdão lhe
permite deixar o passado para trás e avançar para o futuro.
É
possível perdoar mesmo quando os outros nada confessam. Você pode perdoar sem
haver restauração no relacionamento. Você pode perdoar mesmo quando a outra
pessoa não fez coisa alguma para merecer o perdão, pois o perdão é como a salvação — é uma dádiva oferecida
gratuitamente e que não pode ser merecida. Pode acontecer de você perdoar e a
outra pessoa nem ficar sabendo. Você pode perdoar sem dizer: “Eu o perdôo”,
pois o perdão diz respeito ao coração.
·
O perdão não é opcional na vida cristã. É uma ação
necessária
dentro do conceito de ser cristão. Se desejamos seguir a Jesus verdadeiramente, devemos perdoar. Não temos outra
escolha. E devemos perdoar assim como Deus
nos perdoou — gratuita, livre e totalmente. Recebemos um milagre de Deus e o passamos adiante para
outros.
·
Perdoaremos na mesma proporção
que compreendermos quanto fomos perdoados. O melhor incentivo para o
perdão é lembrar do quanto Deus já nos perdoou. Pense em quantos pecados ele
cobriu na sua vida. Pense no castigo que você merecia, mas que não recebeu porque
Deus usou de sua graça. Jesus disse: “Aquele a quem pouco se perdoa, pouco
ama” (Lc
7:47). Sua disposição de perdoar é diretamente proporcional à sua
consciência do quanto você foi perdoado.
Para
experimentar o poder terapêutico do perdão, precisamos de duas coisas: coração sensível e coragem. O perdão
não é para os tímidos, mas, sim, para os valentes. Somente os fortes têm a coragem
de deixar o passado para trás.
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