(Texto:João 13:18-32)
18
“ Não falo a respeito de todos vós, pois eu conheço aqueles que escolhi; é,
antes, para que se cumpra a Escritura: Aquele que come do meu pão levantou
contra mim seu calcanhar. 19 Desde já
vos digo, antes que aconteça, para que, quando acontecer, creiais que EU SOU.
20 Em verdade, em verdade vos digo: quem
recebe aquele que eu enviar, a mim me recebe; e quem me recebe recebe aquele
que me enviou. 21 Ditas estas coisas,
angustiou-se Jesus em espírito e afirmou: Em verdade, em verdade vos digo que
um dentre vós me trairá. 22 Então, os
discípulos olharam uns para os outros, sem saber a quem ele se referia. 23 Ora, ali estava conchegado a Jesus um dos
seus discípulos, aquele a quem ele amava; 24
a esse fez Simão Pedro sinal, dizendo-lhe: Pergunta a quem ele se
refere. 25 Então, aquele discípulo,
reclinando-se sobre o peito de Jesus, perguntou-lhe: Senhor, quem é? 26 Respondeu Jesus: É aquele a quem eu der o
pedaço de pão molhado. Tomou, pois, um pedaço de pão e, tendo-o molhado, deu-o
a Judas, filho de Simão Iscariotes. 27
E, após o bocado, imediatamente, entrou nele Satanás. Então, disse
Jesus: O que pretendes fazer, faze-o depressa. 28 Nenhum, porém, dos que estavam à mesa
percebeu a que fim lhe dissera isto. 29
Pois, como Judas era quem trazia a bolsa, pensaram alguns que Jesus lhe
dissera: Compra o que precisamos para a festa ou lhe ordenara que desse alguma
coisa aos pobres. 30 Ele, tendo recebido
o bocado, saiu logo. E era noite. 31 Quando ele saiu, disse Jesus: Agora, foi
glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado nele; 32 se Deus foi glorificado nele, também Deus o
glorificará nele mesmo; e glorificá-lo-á imediatamente”.
Introdução:
A páscoa judaica estava se aproximando, mas Jesus sabia que na sexta-feira não
mais poderia tomar daquela ceia. Então Ele entrou num lugar preparado
especialmente para que Ele e Seus discípulos pudessem tomar a ceia.
Neste contexto em
que Jesus
estava absolutamente sensível e apesar de todas as tensões de fora, Ele teve
tempo e coração para amar seus discípulos sem limites.(1).
Ele estava consciente de que havia
chegado o tempo de cumprir o maior propósito de Sua vinda: a Sua morte. O verso 11 diz:
“Pois
Ele sabia quem iria traí-lo."
O
ambiente não era só de festa.
Havia essa disputa entre os discípulos sobre qual deles era o maior, e um clima
de traição também.
É
interessante notar que as situações com maior poder de nos “abalar”,
ocorrem no nosso círculo mais íntimo. As situações mais tristes na vida de
Jesus ocorreram por atitudes dos seus
discípulos. Da mesma maneira, parece que as coisas que mais nos irritam vêm das pessoas que estão
bem perto de nós: parentes, irmãos, cônjuge, filhos, amigos.
Jesus já havia andado com os seus
discípulos por três anos e meio,
onde mostrou e demonstrou a eles o Seu amor. Incansavelmente os serviu e ensinou de uma forma
maravilhosa. E o que acontece? O que
se esperava dos discípulos? O que você
espera de alguém pelo qual você age com amor, cuidado, ensino e serviço? No
mínimo uma consideração, respeito e lealdade.
Após esses anos de convivência é preparado um jantar que pode ser
considerado como jantar de despedida. O que Jesus poderia esperar desse
encontro? Respeito, gratidão, admiração,
honra, dedicação? Abraços,
discursos? Mas quando Jesus chegou àquela sala para a refeição seus discípulos não estavam atentos a Ele.
A única coisa que os preocupava era a necessidade, de que alguém lavasse os pés das pessoas. Quem faria isso? Não estavam
atentos a nenhuma outra coisa, só
pensavam neles mesmos. Não olhavam para Jesus, e nenhum deles se dispôs a
lavar os pés dos outros, tampouco os pés do Senhor Jesus.
Da mesma maneira, muitas vezes
nós também estamos só preocupados conosco mesmos: “Como posso me sentir melhor?” “Quem
vai me reconhecer?”
Observe o que Jesus disse no trecho
que estamos meditando:
“Conheço
os que escolhi mas isso acontece para que se cumpra a Escritura. Aquele que
come do meu pão levantou o seu calcanhar contra mim” (Jo
13.18).
Ele estava citando um Salmo de Davi,
que expressa a situação de Davi ao ser traído por seu filho.
No meio dos seus doze discípulos havia
um que não era um verdadeiro discípulo, ainda não havia crido realmente em Jesus. No verso 21 lemos:
Jesus
perturbou-se em espírito e declarou: Digo-vos que certamente um de vocês me
trairá.
Não sabemos o quanto os discípulos
entenderam isso. O texto nos conta, a partir do verso 22, que eles se olharam para saber o que estava acontecendo.
Pedro, que estava numa posição da mesa menos favorável do que João (o chamado discípulo amado) para falar com
Jesus, fez um sinal para João, querendo saber:
- O
que Ele está falando? De quem Ele está falando?
O
texto descreve que João estava bem próximo ao Senhor, na disposição à mesa. E então houve uma conversa particular
entre Jesus e João, em que
Jesus responde:
A quem eu der um pedaço
de pão, é esse que me trairá.
P.
Todos nó já passamos por uma situação
de injustiça, falta de reconhecimento, indiferença, falta de respeito por parte
de alguém. Se você nunca passou por isso, certamente passará! Talvez você esteja
passando por isso nesse momento. Talvez tenha alguém muito próximo de você tem
te deixado triste, desanimado, decepcionado. Agora, como reagir diante dessas
situações. Podemos apreender com Jesus três atitudes que devem ser tomadas
diante dessas situações:
1º) Honre o seu ofensor em todos os momentos
Aquela era uma ocasião de muitas
alegrias, a maior festividade judaica. A nação ia aos milhares para Jerusalém,
onde se poderia encontrar: comemoração,
diversão, louvor. Nesse sentido, equivalia ao nosso Natal e Ano Novo hoje.
É interessante notarmos que naquela
época de festas Jesus estava entre os seus, mas os seus não cuidaram dele, não o respeitaram, nem lhe deram a
devida honra, e ainda houve quem o traísse.
Para entendermos, um pouco, o que
Jesus fez, precisamos entender a condição de vida daquele povo. Vamos entender
um pouco sobre a vestimenta judaica. Isso é necessário porque o verso 4 nos diz:
“assim,
levantou-se da mesa, tirou Sua capa e colocou uma toalha em volta da cintura”.
Algumas traduções dizem: ... tirou Suas
vestes...
A lei de Israel tinha palavras claras:
quando uma pessoa fosse trabalhar na
terra de alguém deveria deixar a capa de lado, pois não dava para trabalhar com
ela. De modo que a lei obrigava o senhor a, no final do dia, devolver a capa
para o escravo porque ele dependia dela para dormir, para passar a sua noite.
O texto nos diz que Jesus tirou Suas vestes, Sua capa e Sua túnica e
naquele momento ficou como se fosse um escravo.
Nos padrões judaicos, na ocasião em
que as pessoas chegavam à sala para tomar uma refeição, tiravam as sandálias. Normalmente, nas casas havia um escravo sem
muita importância, vestido com as roupas de baixo, que pegava a água de uma
talha na entrada do ambiente para lavar os pés dos convidados.
O lugar onde Jesus passaria a ceia da
Páscoa com os Seus discípulos não tinha mão de obra para fazer
o serviço de lavagem dos pés por ter
sido cedido.
Quando Jesus chegou naquele lugar
havia um clima de disputa entre os
discípulos. Eles se perguntavam:
- Quem
é que vai lavar nossos pés?.
Conforme o padrão da época se não
existisse um escravo para fazer aquela função na casa, porque a família não
tinha condições de manter o escravo, então algum dos componentes da família deveria
lavar.
Observe o fato de que Jesus agiu como um servo, ao se confrontar
com a indiferença dos seus discípulos,
aos quais já havia demonstrado a Sua glória. Não O vemos chamando a atenção deles, nem se queixando por não
terem uma atitude favorável a Ele.
Quando
os discípulos desprezaram a Jesus, Ele os serviu. E quando uma pessoa faz isso
conosco, o que fazemos? Queremos nos livrar dela? Queremos que ela desapareça?
No iramos, brigamos, procuramos agir por conta própria. Você pode estar pensando: “Ah
meu irmão você não sabe o que fizemos para mim! É uma injustiça, eu não merecia
isso!... Você não sabe o que eu tenho passado em casa com o meu cônjuge, com os
meus parentes, no meu trabalho com o meu chefe!”
E o que Jesus passaria logo depois disso? Era
pouca coisa? Ele seria traído, negado, abandonado pelos discípulos, crucificado
e morto e Ele, sabendo de tudo isso, o que fez? Lavou os pés dos discípulos, inclusive o de Judas.
Jesus pegou um pedaço de pão, enfiou-o
numa travessa que provavelmente continha um molho feito de tâmaras, uvas passas
e um vinho azedo, e o deu a Judas. Ele havia dito que Judas era um representante do diabo, alguém
que não era um verdadeiro discípulo,
e que O trairia. Ele sabia exatamente quem era Judas. Parece-me que nem
Judas nem Pedro escuta essa conversa.
Quando Judas traiu a Jesus, Jesus o honrou. Por quê? Jesus
tinha muito claro em sua mente o que Provérbios diz:
“Se
o que te aborrece tiver fome, dá-lhe pão para comer. Se tiver sede, dá-lhe água
para beber, porque assim amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça, e o Senhor
te retribuirá” (Pv 25:21,22).
Não
te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal pelo bem (Rm
12).
Jesus assume a postura de um servo,
quando aqueles que deveriam dar-lhe honra não estavam dando.
Jesus perguntou a João:
- Deseja saber quem me trairá? Vou dar a ele um pedaço de pão.
Tirar um pedaço de pão e dar a alguém
era uma expressão de honra. Não se fazia isso a qualquer visitante. Jesus fez
justamente ao seu maior ofensor. Ele não o acusou, ou devolveu em retaliações,
as ofensas, como talvez alguns de nós desejássemos fazer. Jesus o honrou e o serviu. E o que você tem feito pelos seus
ofensores?
2º
atitude que deve ser tomada diante dessas situações de dor e humilhação
2) Confie que
Deus está no controle em todos os momentos.
Tão logo comeu o pão, Satanás entrou
em Judas, e Jesus lhe diz: O que você
está para fazer, faça-o depressa (Jo
13.27).
Essa foi a única colocação dEle para
Judas.
Dentro do plano eterno de Deus teria
que existir um dos discípulos, e Jesus sabia disso, que iria trai-lO e leva-lO
ao cumprimento do que Deus já havia estabelecido na eternidade. Jesus seria preso, açoitado, crucificado e
morto. Ao olhar para Judas, Jesus reconheceu que ele era uma ferramenta do Pai para cumprir o que as Escrituras
haviam predito. Ele entendia que mesmo
aquele ato de traição fazia parte da ação soberana de Deus. Judas atuou, o
diabo também, mas por trás de tudo havia um Deus que estava no controle de
tudo..
Jesus sabia que Judas estava
mancomunado com o diabo, mas nem por
isso o repreendeu. Ele sabia que ali estava um cúmplice do demônio, mas não o tratou como um demônio. Ele
entendia que aquele indivíduo, se por um lado era um subordinado do diabo, por
outro lado também era um subordinado de Deus.
Sabemos
que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que
são chamados segundo o seu propósito
(Rm 8.28).
Todas
as coisas são realmente todas as coisas. As experiências dolorosas que temos ajuntado devem ser
identificadas como experiências que não escapam do controle de Deus. Todas as
coisas que estamos vivendo fazem parte
do plano de Deus. As experiências que nos irritam, nos provocam e humilham
são oportunidades para olharmos para o alto e dizer: “Senhor, eu não consigo entender até porque estou vivendo isto, mas
desejo dizer que confio que o Senhor é tão soberano que nem isso escapou”.
Podemos confiar que Ele está no controle.
3º
atitude que deve ser tomada diante dessas situações de dor e humilhação
3º) Faça com que Deus seja glorificado em todos os momentos.
Depois que Judas saiu, Jesus disse: Agora o Filho do Homem é glorificado (Jo 13.31).
Quando Jesus disse para Judas sair e
fazer o que lhe competia, Deus seria
honrado, porque se cumpriria o
propósito dEle na vida de Jesus, através do ato de Judas. Mas Jesus
sofreria, seria traído, espancado, negado, humilhado, morto e abandonado por
quase todos e, mesmo assim, Jesus estendeu que Deus seria honrado nesse momento
tão difícil para Ele!
Existem algumas circunstâncias que se
criam em nossas vidas agora, que são oportunidades para Deus ser glorificado.
De que maneira? Como pode ser Deus glorificado no fato de que algumas pessoas
não me respeitam como eu gostaria? Como Deus pode ser glorificado quando eu
sofro injustamente por algo que eu não merecia?
- Quando
agimos como Jesus nas mesmas circunstâncias.
O apóstolo Pedro escreveu o seguinte:
“Mantendo
exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que naquilo que falam
contra vós outros, como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras
glorifiquem a Deus” (1 Pe 2.12).
Pedro recomenda que se viva de acordo
com o padrão de Deus, de um modo digno do Evangelho. Isso levaria aqueles que falavam mal deles, e os maltratavam, a
darem glória a Deus pela vida deles.
Como, é
muito difícil agir assim! Só Jesus conseguiu isso!
Não se engane com isso! Você quer que
Deus seja glorificado em todos os momentos?
- Tenha um espírito de servo, humilde.
Com uma atitude de amor, que serve e
honra as pessoas mais difíceis. Foi assim que o Senhor falou.
Mateus:
44 “Eu,
porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; 46 Porque, se amardes os que vos amam, que
recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo”?
Não houve gritarias, xingamentos e
reclamações, mas o nome de Deus foi
glorificado.
Temos todas as oportunidades, no
Espírito que nos assiste, para que nossas experiências ruins possam servir para
provarmos Deus agindo em nós e naqueles que estão à nossa volta.
Ser cristão é viver dia a dia conforme
os princípios do nosso Deus, e na capacitação do Espírito Santo inclusive no
meio de experiências ruins como esta que vimos Cristo passar.
CONCLUSÃO:
Você tem passado por uma situação de injustiça, falta de reconhecimento,
indiferença, falta de respeito por parte de alguém? Existe alguém muito próximo
de você que tem te deixado triste, desanimado, decepcionado?
Reaja
diante dessas situações:
Honrando o seu ofensor. Constranja-o em amor. Lave os pés dele,
sirva-o sempre.
Confie que Deus está no Controle de Tudo. Entenda que Deus não te deixou passar
por isso á toa. Ele está com você e não vai te desamparar em nenhuma momento.
Descanse Nele! Não pague com a mesma moeda!! Deixe a justiça para Deus. É Ele
quem é o responsável por fazer isso, não você!
Faça com que Deus seja Glorificado em sua vida.
Viva de acordo com o padrão de Deus,
de um modo digno do Evangelho. Seja como Jesus foi: servo, humilde, ame seu inimigo e honre as pessoas que te
maltratam, você só tem a ganhar com isso, o Reino de Deus também!
Pr. João Rodrigo Seemam
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