Gênesis 45:1-14
1 “Então,
José, não se podendo conter diante de todos os que estavam com ele, bradou:
Fazei sair a todos da minha presença! E ninguém ficou com ele, quando José se
deu a conhecer a seus irmãos. 2 E
levantou a voz em choro, de maneira que os egípcios o ouviam e também a casa de
Faraó. 3 E disse a seus irmãos: Eu sou
José; vive ainda meu pai? E seus irmãos não lhe puderam responder, porque
ficaram atemorizados perante ele. 4
Disse José a seus irmãos: Agora, chegai-vos a mim. E chegaram-se. Então,
disse: Eu sou José, vosso irmão, a quem vendestes para o Egito. 5 Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos
irriteis contra vós mesmos por me haverdes vendido para aqui; porque, para
conservação da vida, Deus me enviou adiante de vós. 6 Porque já houve dois anos de fome na terra, e
ainda restam cinco anos em que não haverá lavoura nem colheita. 7 Deus me enviou adiante de vós, para conservar
vossa sucessão na terra e para vos preservar a vida por um grande livramento.
8 Assim, não fostes vós que me enviastes
para cá, e sim Deus, que me pôs por pai de Faraó, e senhor de toda a sua casa,
e como governador em toda a terra do Egito. 9
Apressai-vos, subi a meu pai e dizei-lhe: Assim manda dizer teu filho
José: Deus me pôs por senhor em toda terra do Egito; desce a mim, não te
demores. 10 Habitarás na terra de Gósen
e estarás perto de mim, tu, teus filhos, os filhos de teus filhos, os teus
rebanhos, o teu gado e tudo quanto tens. 11
Aí te sustentarei, porque ainda haverá cinco anos de fome; para que não
te empobreças, tu e tua casa e tudo o que tens. 12 Eis que vedes por vós mesmos, e meu irmão
Benjamim vê também, que sou eu mesmo quem vos fala. 13 Anunciai a meu pai toda a minha glória no
Egito e tudo o que tendes visto; apressai-vos e fazei descer meu pai para aqui.
14 E, lançando-se ao pescoço de
Benjamim, seu irmão, chorou; e, abraçado com ele, chorou também Benjamim”.
Perdoar nunca é fácil, principalmente
quando você é alvo de situações que denigrem você, que te joga para baixo, que
te humilharam, que mexeu com a sua hombridade, com o seu caráter.
No entanto, ainda que não seja fácil,
é um mandamento da parte de Deus para a nossa vida.
Nessa história de José nós vemos
algumas motivações de um homem que foi extremamente injustiçado, envergonhado,
colocado em uma situação de extrema crueldade por parte dos seus irmãos e
parentes e que ainda sim conseguiu entender a Graça de Deus para poder perdoar.
Creio que todos vocês conhecem a
história de José.
Um homem que foi vendido pelos irmãos
por cerca de vinte siclos de prata,
que não era muita coisa. Um homem que teve visões da parte de Deus que
estimulou um sentimento egoísta no coração dos irmãos dele.
Ele foi vendido para os próprios
primos dele que eram os midianitas, que passando por aquela região compraram um
parente para vender para o Egito mais caro.
Quando ele chega ao Egito, ele vai
trabalhar de escravo.
Um menino rico que sempre teve do bom
e do melhor. Agora teve que se submeter às pessoas de um país estranho, uma
língua estranha e de uma cultura estranha. Tudo isso por causa dos irmãos dele
que tiveram inveja.
E ali ele vive durante muitos anos.
Ali ele é assediado por uma mulher e por não ir para a cama com ela, ela
inventa uma história de estupro contra ele e ele vai para a cadeia e fica dois
anos preso.
Na cadeia ele interpreta sonhos, até
que faraó teve um sonho, que foi algo providencial da parte de Deus. Ele teve
um sonho de sete vacas magras e sete
vacas gordas, que eram sete anos de grande poder econômico e sete anos de
grande miséria no Egito. E ele vai lá e interpreta o sonho. E ai faraó o coloca
como o segundo homem mais poderoso do Egito.
De repente, quando a fome se alastra
por todos os lugares, os irmãos dele tem que ir até lá. Ele olha e conhece os irmãos, mas os irmãos
não o conheceram. E esse homem mostra para os seus irmãos, para os seus
parentes que ele era o José e que esse José que ali estava tinha sido enviado
por Deus para preservar a vida da nação de Israel.
E depois de tudo isso nós vemos a
atitude de José em relação aos irmãos dele.
José nos mostra o motivo pelo qual nós
devemos perdoar. Porque José perdoou?
1º) Por que ele Entendeu quem ele era. (3)
3 “E disse a seus irmãos: Eu sou José; vive
ainda meu pai? E seus irmãos não lhe puderam responder, porque ficaram atemorizados
perante ele”.
Quando nós entendemos quem nós somos,
somente ai é que nós temos a capacidade pela Graça de Deus de perdoar aqueles
que nos fazem mal.
Quando ele diz: “Eu sou José”, ele tem uma referência, não uma auto-referência, ele
tem um entendimento do que ele significava como pessoa. Ele sabia que ele era
como os irmãos dele era. Ele sabia que era do mesmo pó.
E somente quando nós conseguimos
entender que somos o que somos, capazes
de pecar, de desagradar, de destruir vidas de pessoas é que conseguiremos
perdoar pela Graça de Deus. Porque nós podemos ser o alvo de cometermos muitas
vezes injustiças contra os outros.
É por isso que ele disse: “Eu sou José”. Ele entendia que era
gente, era pessoa, era suscetível as mesmas fraquezas e as mesmas misérias daqueles
que se levantaram contra ele.
É interessante que quando ele manda as
pessoas saírem, quando ele quer ter uma conversa com os irmãos dele, conforme é
dito no verso 1 e 2, é exatamente
porque dentro da cultura egípcia não se podia demonstrar as emoções
principalmente quando o individuo ocupava cargos tão poderosos.
Porém, José entendendo quem ele era, ele mostra as suas emoções num grau elevado
de sensibilidade para que os seus irmãos pudessem perceber que ainda que
ele fosse um homem de poder ele mostrava
quem ele era.
Somente
quem é motivado pelo entendimento de quem é, é capaz de perdoar as coisas mais
terríveis que as pessoas fazem contra ele.
José quando diz: Eu sou José, ele está se identificando de forma clara dentro da sua
Nação, da sua genealogia. Ele está dizendo assim:
“Nós
somos do mesmo barro, nós somos um só. Eu sou gente como vocês são. Eu não sou
um governador do Egito,
eu estou com isso, mas eu sou da tribo de
Israel, sou um homem de Judá, eu sou de onde vocês são!!”
Agora esses irmãos estavam diante do
homem mais poderoso do Egito que podia fazer com que eles morressem a qualquer
hora. Eles ficam temerosos diante dele porque eles não estavam mais diante de
um menino que saiu de casa vendido por eles.
Uma mentira que nunca foi revelada, o
pai deles nunca soube, mais de vinte anos havia se passado e Jacó não conseguia
acreditar que o filho dele tinha sido morto por um animal feroz.
Eles tinham cometido tantas
atrocidades que eles diziam isso entre eles: que o pecado deles era grande, as atrocidades que cometeram contra José
era impronunciável.
Mas quando José chega diante deles, ele perdoa porque ele entende que ele era
gente como os seus irmãos eram.
“Se nós não entendermos o que nós
somos, o que o pecado fez em nós, quando nós formos atingidos por ele, quando
as pessoas fizerem mal para nós, nós não teremos capacidade de perdoar”.
E com isso, está cheio de gente
incubando sentimentos de ódio, de amargura no coração.
Precisamos perdoar irmãos. O pior é
que dentro da igreja é onde nós encontramos muitas pessoas que não conseguem
perdoar.
No livro Maravilhosa Graça, Filip Yancey conta a história de uma prostituta
que usava a sua filha de colo para se prostituir em prol de dinheiro e quando
ele aconselha essa prostituta a procurar uma igreja, ela diz que iria se sentir ainda pior, pois as pessoas
iriam acusá-las do pecado que ela cometeu!
A igreja é o lugar onde as pessoas
sentem-se piores pelos pecados que elas cometem. Isso está errado. Nós igreja,
que conhecemos as Escrituras Sagradas, conhecemos a Graça de Deus, jamais
deveríamos agir assim. Ao invés de pegarmos as pedras para atirar nas pessoas,
lance a graça de Deus na vida dessas pessoas.
Não podemos pensar que isto ou aquilo
que foi feito pelo outro, jamais pode ser feito por você, por mim, porque pode.
2º) Por que ele Entendeu que o Sofrimento é um meio para Deus
cumprir a Vontade Dele na sua vida. 4-6
4 “Disse José a seus irmãos: Agora, chegai-vos
a mim. E chegaram-se. Então, disse: Eu sou José, vosso irmão, a quem vendestes
para o Egito. 5 Agora, pois, não vos
entristeçais, nem vos irriteis contra vós mesmos por me haverdes vendido para
aqui; porque, para conservação da vida, Deus me enviou adiante de vós. 6 Porque já houve dois anos de fome na terra, e
ainda restam cinco anos em que não haverá lavoura nem colheita”.
O sofrimento não é o fim em si mesmo.
Somente quem entende que, às vezes, diante do alvo de ofensas, de tristezas e
magoas, que o sofrimento não é um fim em si mesmo, mas que cumpre um propósito
de Deus a quem consegue perdoar aquele que te faz sofrer.
José consegue entender isso. Ele não acusa por acusar. Ele estava a
vinte e dois anos longe do pai, longe da mãe, não via os irmãos dele, o Benjamim
que era do coração dele crescer.
Foi aprisionado, foi humilhado, jogado
num buraco, mentiram contra ele, esqueceram dele quando ele ajudou um preso. E
agora ele está diante dos seus algozes, dos seus irmãos que foram levianos, que
o maldisseram, coisas que talvez vocês aqui já passaram em alguma medida, mas
nunca dessa forma.
E agora diante dos irmãos ele diz: “Agora, chegai-vos a mim. E chegaram-se”.
O perdão une, meus irmãos! O perdão
não expele, ele atrai. Quando ele perdoa, motivado no entendimento de que o sofrimento conduziria ao
cumprimento da vontade de Deus, José atrai as pessoas até ele.
“Vocês
me venderam para o Egito”.
Ele não anula a verdade. Ele fala, ele diz: O pecado de vocês é esse.
Ele diz assim:
“Deus
me trouxe para cá”.
Se Jose começasse a lembrar dos detalhes do seu sofrimento, certamente os
irmãos começariam a discutir entre eles, mas ele não faz isso, ele diz que “Deus o mandou para lá para conservar o
povo da aliança”.
Eles ficaram no Egito por mais de 400
anos. Entram lá com 75 pessoas e saíram
de lá com mais de dois milhões de
pessoas.
O povo do pacto, da aliança não pode
ser destruído. Ainda para que esse cuidado maravilhoso de Deus para com a nossa
vida Deus tenha que permitir que o sofrimento venha como aconteceu com José.
“Eu
fui alvo da ganância, ódio e raiva de vocês”, mas chegam para
cá, Deus usou o mal de vocês para
salvar o povo Dele.
Não é fácil olharmos para o mal que
causaram na nossa vida e perdoar, mas certamente quando nós entendemos que o mal dos homens sobre a nossa vida é
permissão de Deus, e que esse mal tem um propósito maior de glorificação a
Deus, é quando conseguimos em Deus perdoar.
É por isso que ele conseguia olhar
para os seus irmãos e perdoar, porque ele entendeu que os propósitos de Deus
sempre são bons, que Deus usa da maldade
humana contra nós a favor do bem.
Às vezes, pela vida pragmática que
vivemos, encontramos pessoas que atrapalham a nossa vida. Seja no trabalho, na
faculdade, na igreja ou dentro da nossa casa, nossos familiares situações
adversas que tentam impedir com que nós perdoemos aqueles que se levantam
contra nós.
Eu sei que isso não é fácil, porque
não é, mas estou dizendo que a Bíblia diz que perdoar é uma decisão, não é um sentimento.
Eu sei que existem situações absurdas
que o homem faz de maldade com o outro. Como perdoar alguém que mata um filho
seu, que estupra a sua esposa, isso não é fácil. Mas o sofrimento não é um fim
em si mesmo, mas é um meio que Deus utiliza para cumprir o seu propósito na
vida dos seus escolhidos.
Às vezes somos alvos de fofocas, de
maledicências, de mentiras. Às vezes o individuo levanta uma calúnia contra
você, mas Deus usa até disso para tratar
o nosso coração, para trabalhar no nosso caráter, para nos fazer servos e
servas capazes de perdoar.
E como igreja, nós precisamos aprender
que, quando essas coisas acontecerem, e conforme a igreja vai crescendo essas
coisas vão tendo uma funcionalidade de aparecer de uma forma maior, temos que
ter a capacidade de perdoar.
3º) Porque ele Entendeu que o Perdão é a oportunidade de um
Recomeço. (9)
9 “Apressai-vos, subi a meu pai e dizei-lhe:
Assim manda dizer teu filho José: Deus me pôs por senhor em toda terra do
Egito; desce a mim, não te demores. 10
Habitarás na terra de Gósen e estarás perto de mim, tu, teus filhos, os
filhos de teus filhos, os teus rebanhos, o teu gado e tudo quanto tens. 11 Aí te sustentarei, porque ainda haverá cinco
anos de fome; para que não te empobreças, tu e tua casa e tudo o que tens.
12 Eis que vedes por vós mesmos, e meu
irmão Benjamim vê também, que sou eu mesmo quem vos fala. 13 Anunciai a meu pai toda a minha glória no
Egito e tudo o que tendes visto; apressai-vos e fazei descer meu pai para aqui.
14 E, lançando-se ao pescoço de
Benjamim, seu irmão, chorou; e, abraçado com ele, chorou também Benjamim”
O perdão traz recomeços.
José aposta numa coisa que seria
absolutamente certa porque ele entendia a Deus que governava sobre os corações
dos seus irmãos. Ele tinha convicção que seria diferente. Mas ainda assim, há o
risco de confiar de novo.
Isso
não é fácil. Os irmãos fizeram um monte de trapaças contra ele, agora ele é
o governador do Egito, como é que
ficaria a imagem de José chamando os irmãos para morar com ele? Ficaria ruim.
Imagine, os irmãos vão para o Egito e
começam a dar problemas. Começam a atingir a imagem de José.
O
perdão dá aos irmãos dele a capacidade de recomeçar, de reconstruir uma vida
nova.
O perdão é o reinvestimento em gente
com caráter duvidoso, problemático, traidor. Isso não é fácil!!
Não é fácil você investir de novo em
gente que te fez sofrer, que fez muita gente sofrer.
Os anos se passaram e os irmãos
mostraram que José podia confiar neles novamente. O perdão dá essa graça de reiniciar a sua história com o próximo.
O perdão nos dá a capacidade de
investir novamente no próximo.
Isso acontece na igreja também. O
irmão fica magoado, fica ferido e o individuo diz que perdoou, mas passa longe.
Nunca mais chama nem mais para comer na casa.
É investir no casamento, nos filhos,
nas relações interpessoais, perdoar é recomeçar a caminhada. Uma caminhada que
foi quebrada, mas que pode ser reconstruída pela Graça de Deus.
Quando nós olhamos para Jesus, da qual
José é o que chamamos de tipologia, vemos exatamente essas características.
Ele se encarnou no mundo para pagar
uma dívida que era nossa. E pela nossa vida ele é ofendido, é humilhado, é
desonrado.
Jesus nunca deixou de investir em mim
e em você. Jesus sempre reinveste em nós. Fazemos tantas coisas feias e depois
chegamos diante de Jesus e dizemos: “Perdoa
Senhor”. E ele diz o que?
1João 2:1
“Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo
para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai,
Jesus Cristo, o Justo’;
Nós estávamos no Egito, mortos em
nossos delitos e pecados e Ele nos perdoou. Ele nos reintegrou na família de
Deus.
Toda a hora Jesus nos chama para perto
Dele, nos abraça e nos reintegra. Aquilo que José fez com os irmãos dele, Jesus
faz conosco.
A idéia é que somos irmãos de Cristo.
Seu perdão é constante na nossa vida.
Aprenda a perdoar baseado naquilo que
Cristo fez. Aprenda a perdoar aqueles
que te ofenderam.
Perdoe o seu vizinho, o seu parente, o
seu amigo da igreja, o seu marido, a sua esposa, o seu professor e aprendemos
dessa forma a perdoar aqueles que nos fazem mal. Que Deus nos ajude nisso!!
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